De repente de uma face obtusa dum canto qualquer, num canto
de cor petróleo, surgiu a dor em flecha, por entre o peito penetrou-se e
cravou-se rígida e cruel, os instantes sucederam-se em vermelho, grosso
vermelho denso, vivo, escorria-se o vermelho na brancura da pele manchando os
poros, quase não se respirava, eram suspiros , gemia-se inconsciente, e
gritava-se primitivo o ser sofredor, uivos doloridos e surdos, ecoavam por
reflexos de vários espelhos assimetricamente postos sobre as paredes que
irregularmente formavam algo sem forma conhecida, algo que sustenta-se sem a matemática,
neste espaço o ser evoluía em sua regressão do instante. E gemia um agudo lírico
a tristeza do corpo invadida, torceu os lábios e os mordeu, a língua passeava
por entre as cores que formavam nos coágulos, estava ali a nudez total, a própria
essência da dor em cor, cheiro, sabor e luz, o resto é uma incógnita que aos
poucos me é revelado, portanto o tempo permitira a revelação do próximo instante,
que desdobra-se em linhas invisíveis e nos agride lentamente, devagarinho,
ate que o tempo suspenda-se em pó e solidão....................................
- Bruno Bueno Requena
- Bruno Bueno Requena