sábado, 6 de junho de 2015

Estou em chamas!

Inevitavelmente faço-me frágil de modo interessante
A minha mudez ressoa eloquente de modo entrelinhas
Os galopes de meus intuitos empoem-se voláteis
Fogo a transformar a matéria
Faíscas efêmeras a cintilarem o ímpeto

Estou em chamas!

- Bruno Bueno Requena

terça-feira, 26 de maio de 2015

Inóspito

Inevitavelmente o corte sangrará um denso liquido corpóreo
Evocado da carne repleta de hematomas que deflagram a dor
O abismo
O corte
E a solidão.

Esmeraldas na íris escondem-se por entre pigmentos vários
Ecos de um passado turbulento e de grande sofreguidão
Memorias distorcidas
Crises de percepção
Desidratação lacrimosa

Vácuos nos instante de outrora enevoados por denso negror
Lacunares caleidoscópios contorcidos pelas mãos em chamas
Cinzas de um cigarro
Fogos espocados no ar
Noites a se perceber
Inóspito...

- Bruno Bueno Requena

sábado, 23 de maio de 2015

Lacrimar...

Lacrimar, entristecer, aborrecer-se e felicitar-se
Evocar o ímpeto e mutilar o desconforto inerte, abrupto
Silenciar-se e uivar primitivamente acordado de si
Atormentar e vociferar a própria fronte espelhada e brilhante
Anoitecer e amanhecer como um sol fazendo-se sol
E de repente como eco que ocorre no abismo
Tornar-se vários e multiplicar-se pelas partes da cidade
Inundar o concreto e tornar-se verde e fresco
Como uma brisa pela manhã que transborda novidade
Ao embeber o universo, gerar uma estrela branca
E iluminar-se e iluminar como um clarão que expõe o oculto
Como um oculto objeto descoberto e a sensação de descobrir
Experimentar
Ser
Renovar-se constantemente...

- Bruno Bueno Requena

sábado, 24 de janeiro de 2015

Novas Forma de Amar...

O que me ocorre é um lapso desconhecido de algo prestes a romper. Rompimento placentário de uma prenha em 3° ato. Corte oblíquo dos olhos fitando a visão, imagens a significar, sentimentos a se sentir e compreender. Ilusões, sou se não uma ilusão dançante nos olhos de quem me vê e crê que sou real. Minha realidade escapa a minha vontade. Quando vejo já fui, precipito-me e aconteço. Ocorro como um já que outrora era agora, e assim desdobro-me como um origami delicadamente fino e confeccionado por Deus num ato passional. Não sei outra forma de ser. Sou um coração bobo a bater vigorosamente numa rítmica erma, onde artérias sincopadas bombeiam-me folego e novas formar de amar.

- Bruno Bueno Requena

O amor me deixa tolo!

-Que languida sensação de afago me ocorre na memoria da pele.
Disse verbalizando seu pensamento em claro som dos atritos vindos das pregas, língua, dentes e palato.
-O que me ocorre chega por vias sensoriais de uma louco estimulo externo. De tempos longínquos onde havia em mim uma linda ilusão de amor.
O personagem que lhes fala ocorreu de uma tristeza que não há fim. Tristeza que lhe foi dada, uma dor que de repente finge que se esquece mas que sempre retorna.
Há uma estranha dobradura em meu interior, hermeticamente condensada nas vísceras, difícil de compreender. Em pontos equidistantes num sopro longínquo, perdeu-se um pedaço meu que outrora vinculava uma certa alegria ao meu cotidiano. O que sei de amar não me basta e o que tive de amor tampouco.
Sinto as sombras de pássaros efêmeros sobrevoarem meu ser, e a qualquer instante morrerem no ar em queda livre e golpearem meu físico com seus corpos falecidos. A cada pancada rompe-se algo, e destas feridas possibilito-me enxergar novos músculos secretos, aguardando o drama na boca da cena. Instituo o ato, fragmento de algum instante que nasceu e continua a nascer. É como se a loucura materializa-se em carne e me desse pedaços teus para eu provar, lentamente e sem preparo, desprovido do conhecido e em plena novidade.

O que sei não me serve mais, busco novos saberes que me deem sentido e me reinventem, algo maior do que um puro copo de um velho licor blasé. Beba-me em gestos e frases soltas, assim quando terminares beber-te-ei em puras doses de paixões acrescidas de uma voraz vontade de amar. Ah o amor me deixa tolo!

- Bruno Bueno Requena

Solidão...

Como lidar com a urgência da saudade? Como lidar com o secreto intimo que a solidão me proporciona? A sensibilidade me leva a níveis absurdos de solidão. Ao mesmo tempo que me sensibilizo me isolo. É um fato falho que ocorre em minha personalidade. De que reservo-me? Creio que a intensidade de meus modos aflore de modo avesso, e ao aproximar-me do que quer que seja, a coisa foge. A fuga do intenso abismo que me lanço. A minha sensatez é avessa. Eu sou o avesso do que aparento. A minha intensidade é de tal modo abismática quanto imagética.

- Bruno Bueno Requena

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O que sinto esta posto...

Esses dias eu estava pensando na importância das palavras... Percebi que deturpo sempre o que sinto ao verbalizar meu intimo. Inútil me parecem as palavras já que meus gestos são um mar de livros a serem lidos sensitivamente.
O que sinto esta posto, sem a necessidade de algo ser dito. Capta este "dizer" em minha sutileza, em meus olhos, corpo e alma... Pobres aqueles que são cegos dos sentidos. Não sei outra forma de viver se não "a flor da pele", uma flor que desabrocha sempre a espera do bater de asas sutis de uma borboleta.
O que sou me escapa. Sou se não um mar em mim, em busca de um barco que saiba me velejar...

-Bruno Bueno Requena