-Que languida
sensação de afago me ocorre na memoria da pele.
Disse verbalizando
seu pensamento em claro som dos atritos vindos das pregas, língua, dentes e
palato.
-O que me ocorre
chega por vias sensoriais de uma louco estimulo externo. De tempos longínquos
onde havia em mim uma linda ilusão de amor.
O personagem que
lhes fala ocorreu de uma tristeza que não há fim. Tristeza que lhe foi dada,
uma dor que de repente finge que se esquece mas que sempre retorna.
Há uma estranha
dobradura em meu interior, hermeticamente condensada nas vísceras, difícil de
compreender. Em pontos equidistantes num sopro longínquo, perdeu-se um pedaço
meu que outrora vinculava uma certa alegria ao meu cotidiano. O que sei de amar
não me basta e o que tive de amor tampouco.
Sinto as sombras de
pássaros efêmeros sobrevoarem meu ser, e a qualquer instante morrerem no ar em
queda livre e golpearem meu físico com seus corpos falecidos. A cada pancada
rompe-se algo, e destas feridas possibilito-me enxergar novos músculos secretos,
aguardando o drama na boca da cena. Instituo o ato, fragmento de algum instante
que nasceu e continua a nascer. É como se a loucura materializa-se em carne e
me desse pedaços teus para eu provar, lentamente e sem preparo, desprovido do
conhecido e em plena novidade.
O que sei não me
serve mais, busco novos saberes que me deem sentido e me reinventem, algo maior
do que um puro copo de um velho licor blasé. Beba-me em gestos e frases soltas,
assim quando terminares beber-te-ei em puras doses de paixões acrescidas de uma
voraz vontade de amar. Ah o amor me deixa tolo!
- Bruno Bueno Requena
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