domingo, 24 de abril de 2011

Das folhas verdes que balançam no jardim...


Das folhas verdes que balançam no jardim,
Observo-lhes os sons e os cheiros que trazem discretamente.
Há odores inertes na grama,
Há sons escondidos nas sementes.
Deve-se esperar em silencio a ruptura daquilo que nascerá
Em estrondosos ruídos.

Ouço os passos apressados atrás dos muros,
Todos em completa desordem harmônica,
Sons grosseiros.
Há odores de sal e pó,
A fumaça dos motores ascende ao céu.
Carros rasgam o horizonte em cores transversas.

Os pássaros pousam na grama
Rasgando a terra com os bicos,
Nutrida de vermes que se escondem do sol.
Frias e viscosas.
Deleitam-se em vísceras acidas,
Papilas voadoras em pleno gemido.

Há um pouco de sangue num canto qualquer da casa,
E pedaços meus que deixei por lá,
Encontram-se imóveis e gelados.
Um copo de água na cabeceira
Caso eu acorde em desespero,
Ressequido de sonhos.

Há Lápis e folhas espalhadas por todos os cômodos,
Caso a angustia de pensamentos,
Faça-me vomitar em grafite,
Símbolos sonoros e gritantes,
Graves, como uma arvore em chamas,
Queimando de vagar,
Em pleno silêncio...

- Bruno Bueno Requena

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