sexta-feira, 22 de julho de 2011

Simplesmente Simples...



Textos que fiz para o show do Coral Univali intitulado “Simplesmente Simples”

Eis me aqui, um ser humano em plena construção do ser, narrando-lhe a própria consciência e burrice cometida. Quando os galos cantarem em pleno rompimento de dia que nasce, e as arvores brindarem os fótons que lhes nutre, o orvalho nas folhas verdes banharam a terra, e eis que de olhos abertos, num súbito instante de ar em plenos pulmões, abrirei todas as janelas da casa, perfumarei todos os cômodos, e da varada iluminada, fitarei o horizonte em busca de novos caminhos, de novas idéias e aprendizados, assim, em contato com a minha gente, com meu povo. Ao sair de fora de todas as lógicas possíveis, correrei livre entre casas e arvores...

Simplicidade... Se perguntarem-me o que é ser simples, viver simples, responderei humildemente na minha condição humana e aprendiz - e um tanto observador - que talvez, ser simples, resuma-se no ato de sorrir sem motivo aparente, dar um abraço em quem se gosta num ato passional e físico, observar o céu numa noite estrelada de verão, e notar como as estrelas parecem pequenas vistas daqui de baixo, fitar a lua na imensidão do espaço, e apaixonar-se pelas flores como as borboletas que não cansam de beijá-las. Creio que cada um desses gestos contem uma certa sabedoria maior que independe de inteligência, de classe, de idade. Há uma certa alegria difícil em viver.

Em cada instante que a vida me proporcionar, tomá-lo-ei como algo de pura grandeza e extrema delicadeza que me exige, desdobrarei este origami temporal que me fora entregue, e no instante revelado – momento fugitivo – a vida com todas as suas cores, cheiros e frutas, que de tão belos chegam a ser engraçados, como as pedras e suas formas abstratas, ou então, as melancias que é água de um vermelho doce, verdes de casca, mas maduras perante a cor. Do fruto o alimento de viver me é revelado, ao me libertar das raízes que me prendiam, tornar-me-ei viajante, rumo à alegria tão almejada pelos corações.

Das folhas verdes que balançam no jardim, observo-lhes os sons e os cheiros que trazem discretamente, ouço os passos apressados atrás dos muros da casa, todos em completa desordem harmônica, sons grosseiros, há odores de sal e pó, a fumaça dos motores ascende ao céu, e os carros rasgam o horizonte em cores transversas. Devaneios tomam-me de súbito, e a memória da pele, luzes na retina, cheiros e sabores, relembra-me que atrás deste caos civilizado, deste progresso vazio, esconde-se inalterada a essência da minha alma.

Quanto tudo isso? Eis que depois das tempestades, o barco repousou-se em águas calmas, eu levemente pleno, desembarquei em terra firme, a firmeza do chão verde, flores vermelhas e brancas cobriam a encosta, arvores altas faziam sombra para quem dorme, as borboletas beijavam o sexo das flores, e por entre as arvores ouvia-se os pássaros cantando, saudando o desconhecido, todas as cores em harmonia, tudo se fazia em paz.

O pássaro proibido, não estranha o vôo, mas sim a visão, mas que visão é esta? Lá no alto a sensação muda, inverte-se, deixa de ser aquela paisagem sincopada, para que o todo, enfim, seja o todo, e o todo nunca é o todo, pois sempre há algo sendo mais do que aquilo que é.
Gritei ao céu, preces, orações, novenas. Tudo que agora me cerca perdura nessa latência despreocupada e simples, essa simplicidade por mais que monótona, me acalma.

Vejam, a cidade reuniu-se em romaria, todos contemplando a vida, quem sabe os homens tenham entendido o real sentido de viver, talvez compreenderam que para ser feliz, basta respirar, olhar o que nos cerca, e maravilhar-se com que se vê, a vida toda ali, acontecendo em plena novidade.

- Bruno Bueno Requena


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