terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ermo Ser...

Joguei a corda e me enforquei,
Enforquei-me, mais do que a corda podia me enforcar,
Eu já não respirava antes do ato.

Dependurado,
Caiu-me uma lagrima de sangue,
Os batimentos já não importavam,
Tudo estava vazio naquela sala,
Escuro como de costume,
As portas trancadas, janelas fechadas...
O ar não circulava nos quartos.

A corda em meu pescoço,
Cedia com o peso do corpo e da alma,
O impacto era obvio nesta situação,
Foi então que com o medo da queda,
Eu me lancei antes de lançar-me,
Pois a lança já estava cravada no peito.

Lá fora era claro e ensolarado,
Mas dentro de mim,
A escuridão imperava,
Não me importava à dor,
Já se fazia eu dor minha,
Toda solidão morava comigo.

Naquela sala oca, pessoas entravam,
Sentavam-se no sofá imundo de sangue,
Mas não se importavam, encontrava-se fora da visão,
Não me perguntaram o que eu fazia
Enforcado de peito sangrando
Pois os olhos alheios, cegos de egoísmo,
Não lhes permitem ver o que é obvio e doloroso,
Somente o que lhes convêm.

Narcisos!
Todos se foram novamente,
Sem dizer-me adeus,
A empatia que de veras sentia,
Era minha, não vossa,
Cínicos,
Deixaram-me ali exposto,
Cordas e lanças pontudas,
Não lhes importava o ato final.
Solidão...

- Bruno Bueno Requena

Um comentário:

  1. Eu....amei esta tua poesia.
    Sério.
    Para mim foi uma das melhores (das que eu li) que tu escreveste.

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