segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Minha cara amada...

Meus lábios vermelhos beijam cada palavra que lhe pronuncio, como em um gesto todo humano e amoroso, procuro emitir os sons da forma correta e afinada ao coração, esta melodia amorosa que vibra pelo ar, chega aos seus ouvidos atentos, e assim comunico, mesmo que lhe faltem partes, o que sinto.

Minha cara amada, porque fizeste tão bela aos meus olhos, porque em minha retina mostra-se tão cristalina? Ah teus beijos, teu corpo, tuas mãos, qual o mistério que te habita, porque me hipnotiza desta forma tão carnal?

Tanto teu e tanto meu que tantas às vezes, fui tão teu quanto tu és minha, este quereres de querer ser, nosso, somente as entrelinhas, ou toda a folha, todos os cadernos e tintas, tanto o dedo quanto a caneta ou o lápis, tantos de tantas formas, que sendo somente isto me é de certa forma um rascunho do momento vivido, uma fotografia, impulsos cerebrais, a imagem intacta na retina, cristalino olhar, quantos amores tens em teu corpo frágil criatura pura e branca?

Somente o seio que emana o leite da vida, trasborda em minha boca a essência do que é o puro eu, eis que minha fronte espelhada, reflexo físico do instante, momento móvel e reverso, letras ao contrario, o batom fixo no vidro, um poema declamado, uma carta que se escreve com os olhos de quem vê o amor, de quem toca e sente, se alimenta do amor.
 
Tudo se come, tudo é alimento, tudo se aproveita nesta vida, nada se joga fora, nada é lixo, tudo é simplesmente isto, um momento que se vive, somos compostos por momentos, sejam eles de raiva, amor, ódio, lagrimas ou puro prazer, eis que somos o mosaico do tempo, o presente se desdobra a cada instante e se desenha o passado, e se descobre o futuro, eis um origami temporal, um reflexo refratado ou simplesmente absorvido pela cor negra, um grande tudo, que se forma do grande nada, tempo, tempo, tempo, quantos terei até o tempo não mais existir, quantas luares verei, quantas bocas beijarei?
 
Eis que te quero e não nego, quero teu corpo e teu ser, meu amor, quero que me possuas assim como em meus sonhos tão perto, tão distantes, tão abstratos, tão flexíveis, em constante mutação de amor em movimento, eu faço girar este sentimento, para que minha nudez parada, não crie teias, somente rosas que perfumam o ar...

- Bruno Bueno Requena

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